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BRASIL COMPRA INSULINA DA UCRÂNIA. UCRÂNIA ?!?

O acadêmico Raimundo Sotero enviou à nossa redação email com  carta do Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes condenando a compra pelo Governo brasileiro de insulina da Ucrânia. Leia a carta:

Em Julho de 2007, tomamos conhecimento no nosso 12º Congresso Brasileiro Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes, na Conferência do Diretor do DAF – Departamento de Anestesia Farmacêutica do Ministério de Saúde, que foi comprada insulina da Ucrânia, sendo pago 50% mais caro do que o Ministério da Saúde compraria no Brasil de seus grandes fornecedores – Eli Lilly e Novo Nordisk. Simplesmente a bagatela de R$ 206 milhões.

Atribuiu-se o sobre preço, o que seria com este contrato, a compra embutida na transferência de tecnologia de fabricação de tal insulina.

Todos que militam na área acham muito estranho, principalmente porque ninguém sabia que a Ucrânia fabricava insulina e, muito menos, no mundo científico, têm-se conhecimento da procedência, qualidade e eficácia do medicamento.

Qual não foi a surpresa quando surgiram  documentos enviados pela Associação de Diabetes da Ucrânia denunciando a má qualidade e eficácia desse insumo, onde ainda informam que o medicamento não foi testado como um grande projeto, sendo apenas testado em algumas dezenas de pessoas.

Neste cenário, a compra de insulina da Ucrânia se efetuou e foram distribuídas na rede SUS, enquanto se discutia a sua compra, sua eficácia e segurança.

Surge o óbvio, a suspensão de importação destas insulinas, conforme texto inserido nesta revista. (Página 301)

Pagamos R$ 206 milhões por um produto duvidoso, do qual ninguém ouviu falar, nem mesmo na Europa, nos Congressos Nacionais e Internacionais de Diabetes que acontecem há décadas, e não é do nosso conhecimento a existência de menções a esta insulina, fabricada pela INDAR da Ucrânia.

Surgem também as perguntas e questionamentos:

  1. 1)      Por que o Ministério da Saúde e a Farmanguinhos não buscaram a melhor tecnologia já existente no Brasil, como as insulinas da Novo Nordisk e Eli Lilly?

2)     Sabemos que estas insulinas são vendidas a um valor 50% mais barato do que se comprou na Ucrânia e são as mais baratas vendidas no mundo todo. Seria legal transferir ou comprar tecnologia embutida no valor de uma compra? Ou se está justificando o porquê de tal sobre preço?

 

3)     O Brasil tem hoje em Montes Claros, MG, uma das maiores fábricas de insulina do mundo, recém inaugurada em 2003, com a tecnologia mais moderna existente, e que tem capacidade de abastecer todo o Brasil com apenas 10% de sua produção.

Hoje lá trabalham 1.000 brasileiros, com seus encargos e recolhimentos de impostos, um dos mais altos do mundo. Esta fábrica foi autorizada pelo governo anterior ao atual, com investimento por volta de 270 milhões de dólares. Se fizermos a conta pelo câmbio atual, veremos que em apenas uma compra, o Ministério da Saúde e a Farmanguinhos gastaram 50% de uma fábrica gigante e que aí está funcionando.

 

O leitor está estupefato? Eu também! Muitas coisas erradas juntas, outras obscuras que espero que sejam esclarecidas, pois R$ 206 milhões de novos impostos dariam para colaborar muito com a saúde deste país, construir alguns hospitais e, também, melhorar muito a rede sucateada dos já existentes.

 

Clamamos para que os responsáveis sejam ouvidos e que se faça justiça neste país, insistindo nestes negócios (e outros), por onde se esvaem os recursos e produtos de nossos impostos, um dos mais altos do planeta que suga o trabalho de 4 meses por ano, de todo o povo brasileiro.

                                                                                                            Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho
                                                                                                              Presidente