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DOAR SANGUE, SIM E SEMPRE, AFIRMA CARDIOLOGISTA

DOAR SANGUE? SIM, E SEMPRE!

Evandro Sena(*)

As primeiras observações de que o sangue tinha importância vital deve ter ocorrido em época bem remota quando famílias observavam mortes de entes queridos em decorrência de acidentes ou perdas sanguíneas fruto de agressões violentas. Os gregos reconheciam o sangue como sustentáculo para a vida. Tentativas de transfusão heteróloga (sangue não humano) foram experimentadas, em outros tempos, sem resultado satisfatório.

O papa Inocêncio VIII (1942) durante enfermidade grave recebeu transfusões homóloga de  jovens vindo a falecer. Somente a partir da descoberta dos grupos sanguíneos (sistema ABO) pelo austríaco Karl Landsteiner (1900) foi possível tornar a transfusão de sangue uma intervenção segura. O grupo AB foi descoberto em 1902 por De Costello e Starli. O fator rhesus (Rh) foi descoberto em 1940 por Landsteiner e Wiener.

A doação de sangue entre americanos segundo Glynn (2002) em estudo de motivação é um ato de altruísmo. A doação de sangue é a mais nobre das doações é nesse ato que se pode mostrar a solidariedade com o semelhante em momento de angústia e risco de vida.

Em estudo de levantamento dos grupos sanguíneos no Hemose (2005) com 101.853 doadores comprova-se a predominância dos grupos O e A. O levantamento mostra a seguinte distribuição dos grupos: O – 50,82 %; A – 34,09 %; B – 11,87 % e AB – 3,19 %.  Não foi feito o levantamento do fator RH.

Meyers (1997) mostrou associação da transfusão de sangue com redução de eventos cardio vasculares.

Salonen (1998), apresentou trabalho mostrando redução do risco de infarto do miocárdio  em doadores de sangue.

Existem também opiniões contrárias a essas observações, entretanto, considerando-se os aspectos humano, altruístico, solidário  e desprendimentos que combinados com a possibilidade de diminuição das doenças cardíacas podemos afirmar: doação sim e sempre.

 

(*)  Evandro Sena é médico cardiologista, professor universitário. Foi vice-prefeito de Aracaju.

Referências:

GLYNN, S. A. et al. Motivations to donate blood: demographic comparisons. Transfusion, v. 42, n. 2, p. 216-225, Feb.2002.

MEYERS, D. G. et al. Possible association of a reduction in cardiovascular events with blood donation. Heart, v. 78, n. 2, p. 188-193, Aug.1997.

SALONEN, J. T. et al. Donation of blood is associated with reduced risk of myocardial infarction. The Kuopio Ischaemic Heart Disease Risk Factor Study. Am J Epidemiol, v. 148, n. 5, p.445-451, Sep. 1998.