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JORNAL DESTACA VIDA DE ACADÊMICO

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Da história da Medicina em Sergipe: a vida do médico Anselmo Fontes

Anselmo Mariano Fontes nasceu a 31de agosto de 1950, na maternidade
Francino Melo, em Aracaju/SE. Seus pais, Efrem Fernandes Fontes e Dulce
Mota Fontes, tiveram três filhos: Acácia, Afonso Celso e Anselmo Mariano Fontes (o caçula).

Sua mãe, alagoana de Penedo, exercia a arte de ser pianista no Cine-Teatro Rio Branco, tendo falecido em 1952, quando Anselmo tinha apenas dois anos de idade. Seu pai, também falecido aos 65 anos (em 1970), era um comerciante na cidade de Boquim, vindo posteriormente morar em Aracaju, à rua Santo Amaro. Abraçou a profissão de panificador, com um bom conceito no ramo, sendo proprietário da Padaria Operária, na esquina das ruas Simão Dias e Bonfim, atividade que exerceu até 1964, quando de sua aposentadoria. Após o falecimento da sua mãe, a qual ele tinha grande admiração, não constituiu nova família, ocupando em tudo o lado materno. “Lembro que ele era austero quando necessário, mas também o amigo que podíamos contar. Criou os filhos transmitindo lições de humildade, honestidade, sabedoria, sempre focando a família como uma instituição sólida, virtudes estas que foram minha grande herança”.

Os acontecimentos ocorridos na infância foram marcados pelas brincadeiras de bola de gude e carrinhos de rolimã e já convivendo com os heróis do cinema, como Durango Kid, Roy Rogers, entre outros, mais tarde se tornando a sétima arte uma das suas paixões. “Foram meus companheiros de infância Josias Passos, Antonio Perrucho, Marcos Ramos e Ernestino Maciel, hoje conceituados profissionais.

Lembro do antigo Morro do Bonfim, onde descia suas encostas em tábuas. Brigas
no grupo, só quando Josias Passos reagia aos furtos dos cachos de uva do parreiral de sua mãe”.

Fez o curso primário no Colégio do Salvador (1959-1962), sob a guarda das professoras Mariá, Bernadete e Amanda. O colégio, excelência em disciplina e organização, muito influenciou sua personalidade. O curso ginasial foi cursado no Colégio Jacksom de Figueiredo (1963-1966), sob a direção dos professores Benedito e Judite, de regime militar e formatura diária. “Lembro dos professores Franklin (inglês), Jurguta (latim), Ivone (português) e Joaquim (matemática). Fiz o curso científico no Colégio Atheneu Sergipense (1967-1969), onde recordo dos professores Rosália Bispo e Glorita Portugal entre outros.

Ingressa na Universidade Federal de Sergipe de 1971 a 1976, submetendo aos vestibulares de Odontologia e depois Medicina, aprovado em ambos. “Escolhi a pediatria como especialidade, tendo como forte influência os médicos José Machado e Hyder Gurgel”.

No período de faculdade, trabalha em serviços de urgências sob supervisão médica. No último ano do curso foi fazer estágio opcional (o que era permitido) no Serviço de Pediatria e Cirurgia do Hospital Martagão Gesteira, em Salvador. “Lá conheci a médica Núbia Mendonça, mestra e amiga, que muito me influenciou, despertando a vocação pela oncologia pediátrica. Fiz residência neste hospital de 1977 a 1979, onde em contato com crianças oncológicas consolidei de uma vez minha escolha pela especialidade, adquirindo depois o título de especialista”. Retornando a Aracaju, em 1980, funda o Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital de Cirurgia, com o apoio do Dr. Osvaldo Leite.

Além do Hospital de Cirurgia, faz parte do Centro de Oncologia/Huse, tendo sido coordenador do Serviço de Oncologia Pediátrica deste centro, no qual permanece até hoje. Emocionado, diz que a criança com câncer é um paciente especial, devendo ser respeitado, amado e tratado como tal.

Conta que na sua profissão de médico tem momentos de tristeza, como também de recompensas, quando consegue levar uma criança à cura.

Revela que o Serviço de Oncologia Pediátrica onde trabalha com todo amor tem hoje 18 netinhos, filhos de pacientes que tiveram câncer.

Além da oncologia, tem pós-graduação em Auditoria/Perícia, exercendo essa função
na Unimed.

Participou de jornadas e congressos nacionais e internacionais, com apresentação de trabalhos ou ministrando aulas, levando a oncologia sergipana a conhecimento nacional.

Foi diretor Clínico do Hospital de Cirurgia e Hospital João Alves Filho. Coordenador do grupo brasileiro para tratamento dos tumores hepáticos, conselheiro no Conselho Regional de Medicina, integrante do Comitê de Oncologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Membro das Sociedades Brasileira de Oncologia Pediátrica, Latino-Americana de Oncologia Pediátrica, Brasileira de Pediatria, Sergipana e Brasileira de Cancerologia.

Em outubro de 1998 ingressa na Academia Sergipana de Medicina, ocupando a cadeira número 28, cujo patrono é o Dr. Nelson D’Ávila Maia. “Na academia com os meus pares tentamos resgatar a história da Medicina sergipana”.

Casou com Elenalda Maria de Carvalho Fontes, assistente social, em 18 de setembro de 1982, na igreja São José, pelo cônego José Amaral de Oliveira. “A conheci quando estagiava no Cecac, Centro de Extensão da Universidade. Tenho dois filhos: Lucas e Isabelle Mariano de Carvalho Fontes.

Cinéfilo, conta com uma biblio-dvdteca, que varia dos clássicos aos trashs cultuados, com um cadastro de quase cinco mil filmes assistidos, tem preferência pelos westerns, possuindo desde Buck Jones aos recém-lançados.
Fotógrafo amador, faz parte do Fotoclube Monaliza Godoy.

Termina seu depoimento para memória de Sergipe dizendo: “Nossos pacientes se transformam em nossos mestres. Nos dá lições de vida e de humildade. Se fosse começar tudo de novo, com certeza voltaria a fazer oncologia pediátrica”.