Notícias

LEPRA EM SERGIPE (APONTAMENTOS).

A primeira referência sobre a lepra em Sergipe encontra-se na obra “A Morféia no Brasil (1882)”, do ilustre leprologista sergipano, *Dr. José Lourenço de Magalhães: “Raríssimos são os casos de lepra em Sergipe, existem alguns casos isolados em Estância e em Itabaiana”. Em 1933 oito casos foram identificados; em 1934, oitenta e nove doentes e em 1937, o número de casos notificados já tinha ultrapassado aos duzentos.

Com a elevação do número de casos, a lepra, desconhecida em Sergipe nos três primeiros séculos da colonização, tornou-se um problema de Saúde Pública a partir das primeiras décadas do século XX.

Em 19 de janeiro de 1939, através do Decreto nº 167, era criado o Serviço de Profilaxia da Lepra”, vinculado ao Departamento Estadual de Saúde Pública, curiosamente, anterior a criação do  Serviço Nacional da Lepra.

Em 1938, veio a Sergipe o importante leprologista Dr. José Fonseca Guaraná de Barros, com a incumbência de efetuar um diagnóstico da lepra em Sergipe. Em 1943, estavam devidamente fichados e sendo acompanhados pelo Serviço de Profilaxia, 72 doentes. O Dr. Fonseca permaneceu no Estado até o ano de 1944, tornando-se o primeiro Diretor do Serviço de Profilaxia, sendo o principal responsável por sua organização e pela iniciativa da criação da Colônia Jardim, depois denominada Colônia Lourenço de Magalhães. A colônia somente foi inaugurada em 19 de abril de 1945, com 18 pacientes internados.

Entre os anos de 1938 e 1943, enquanto permaneceu por aqui o Dr. Fonseca, foram cadastrados no Serviço de Profilaxia 73 doentes, 216 comunicantes.

Em maio de 1944, assumiu a direção do Serviço de Profilaxia da Lepra em Sergipe o Dr. Fraga Lima. Uma das primeiras providências do novo Diretor foi convidar o médico Armando Ponde, do serviço Nacional da Lepra, para realizar um novo censo sobre a situação da lepra no Estado. O censo ocorreu entre setembro de 1945 e junho de 1946. De forma resumida, encontrou-se o seguinte resultado: Simão Dias, 74 doentes; Aracaju, 32 casos; Maroim, 06 casos; São Cristóvão, 05 casos e Itabaiana, 03 casos.

 

JOSÉ LOURENÇO DE MAGALHÃES: nasceu em Estância-SE (11/9/1831) e faleceu em SP (23/11/1905) aos 74 anos. Filho de Romão Lourenço de Magalhães e Antônia Isabel Fernandes, formou-se na BA (15/4/1856) com a tese “Como reconheceremos que o cadáver, que se nos apresenta, pertence a um indivíduo que morreu afogado?”. Deputado estadual (1862-67), membro da Academia Nacional de Medicina. Trabalhou como oftalmologista em Estância, Laranjeiras, Salvador, RJ e SP.

Antonio Samarone de Santana.

Academia sergipana de Medicina.