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MORRE NA INGLATERRA PRIMEIRO MÉDICO A RELACIONAR TABACO E CÂNCER
A Comissão de Combate ao Tabagismo da Associação Médica Brasileira e a Comissão de Prevenção e Controle do Tabagismo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo prestam homenagem póstuma ao epidemiologista inglês Richard Doll (foto), que faleceu no dia 24 de julho, em Oxford, aos 92 anos. Ele foi um dos primeiros pesquisadores a estabelecer a relação inquestionável entre tabaco e câncer de pulmão.
Em parceria com Austin Bradford Hill, cientista inglês que viveu até 1991, Doll realizou um estudo clássico em epidemiologia prospectiva, em 1964, com 34 mil médicos ingleses, acompanhando-os por dez anos, em que revelou um risco relativo de morrer por câncer de pulmão igual a 32 para fumantes, comparado a um risco igual a 1 para os não fumantes. Idêntico estudo foi realizado com as médicas inglesas, mostrando resultados semelhantes. Essas pesquisas causaram queda acentuada do número de fumantes britânicos.
De acordo com Antonio Pedro Mirra, integrante das duas comissões, as sugestões de Richard Doll durante o XII Congresso Internacional do Câncer, realizado em Buenos Aires no ano de 1978, foram determinantes para o início da luta contra o tabaco no Brasil. A partir dessas idéias, Luiz Carlos Calmon Teixeira (Sociedade Brasileira de Cancerologia), Antonio Carlos Campos Junqueira (União Internacional Contra o Câncer) e o próprio Mirra (Hospital A. C. Camargo e Faculdade de Saúde Pública da USP) coordenaram, no ano seguinte, o primeiro Programa Nacional Contra o Fumo, patrocinado pela Sociedade Brasileira de Cancerologia e depois assumido pela Associação Médica Brasileira. "Somos muito gratos a Doll por esse imenso trabalho na área de tabagismo", conta Mirra.
Ainda em 2004, Richard Doll publicou um novo estudo, complementar aos anteriores, concluindo que pelo menos metade das pessoas que começaram a fumar na juventude iria morrer por causa desse hábito.